O chão da minha casa - Esquina do Café

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terça-feira, 27 de outubro de 2020

O chão da minha casa

Estão cigarros espalhados pelo chão faz hoje cinco dias, os meus pés já encardidos pela cinza não sabem dos chinelos e eu não sei da minha própria saúde mental. Eu ando a tentar como é obvio mas chove torrencialmente lá fora e o frio torna-me prisioneira da minha casa, que para quem tenha dúvidas, detesto. 

Como já devem ter reparado o soalho de madeira é o meu novo cinzeiro e estas quatro paredes manchadas pelo fumo quase tanto como os meus pulmões, estão marcadas pelo meu processo de tentar descobrir quem sou ou quem fui ou o que quer que seja que me impede de ser alguma coisa. 

Outrora esta pequena habitação foi um ninho de amor, de amor próprio, de prazer próprio, eu tinha presença suficiente para dar e vender e simplesmente houve um dia em que um cabrão qualquer saiu por aquela porta tão rápido como entrou e decidiu levar isso tudo, levar-me e deixar-me aqui como restos mastigados. E que eu me cole de volta, não é verdade? 

Que filho da puta, ainda bem que se foi embora, pena me ter roubado. 

Ao menos tenho cigarros.

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