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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Violência no desejo

Há no desejo uma violência, fechei-me a qualquer afeto que me poderias dar e que eu poderia retribuir. Apenas deixei espaço para o ódio mesquinho que sinto por ti, mesmo que o meu corpo saiba o que precisa (a resposta: tu).
Nesse desejo não há pecados para julgar porém nunca fomos abençoados, pecaríamos na tela um do outro mas o teu pincel conheceu outras telas e nunca coloriu a minha.
Fui uma tela em branco só tua, não foi o suficiente... escolheste não me tornar em arte, se calhar não te dei tempo (desculpa?).
Não tivemos tempo para ser um feliz arrependimento madrugador, os laços que nos uniam não facilitavam a nossa luta contra o tempo, contudo arrependo-me e carrego um leve ardor no peito por ter sido a tua tela em branco e não me ter pintado a mim mesma.
Culpo-me por não te culpar o quanto é suposto, por sentir este sentimento duvidoso de culpa. Quero me afastar e no entanto só me aproximo vestida (como a tela que sou) de branco, como os lençóis em que me quero perder contigo, como a camisa que te quero despir sem qualquer pudor). Enche-me de cor! Sou arte nas tuas mãos firmes e experientes, sou tua.
Há no desejo uma certa violência que sinto por sentir isto tudo que não entendo, portanto vou gritar o meu ódio e, mais tarde, vou murmurar ao teu ouvido,mais uma vez, no banco do teu carro, "quero-te" (mas na verdade quero mais que me queiras).

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