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segunda-feira, 21 de maio de 2018

nem judas, nem profeta, apenas homem

Morri e renasci no dia em que te foste embora sem um beijo de aviso prévio, porém escolha aqui o Diabo qual foi a fase mais amargurada da tua despedida. Não foram precisos três dias para degustar o sabor da morte num trago seco. Um minuto envenenado serviu-se a si mesmo por uma lágrima minha... "um brinde à vida que já não existe" dizem os que quebram o tempo.
Poderia lamentar os dias em que te vi, pálido e frio, deitado com as tuas melhores vestes, como o garoto que se recusa a despir a sua máscara favorita após o Carnaval, mas é sempre uma quarta feira de cinzas que fica na memória... o dia em que o corpo desaparece e o povo faz alarido de preto como se fosses um santo... mas tu caíste do altar muito antes da tua sentença.
Não há mais lágrimas a chorar em teu nome e o medo da tua cara não me aparecer nitidamente nas memórias corrói-me todos os dias mas aconteceu e eu não me encafuarei em quartos fechados de arrependimentos apenas porque continuei a caminhar no sentido oposto da dor que a tua partida me trouxe. Amo-te e sempre amarei a imagem que me deixaste tua mas lembrarei-me dos teus pecados, não para tornar mais fácil a tua ausência mas sim para me impedir de cair tão alto quanto tu, sim para manter as minhas asas bem escondidas das alturas.
Não te desejo luz... a terra arderá por dentro dos meus braços, um Apocalipse sugerirá com o meu nome escrito e assim te iluminarei para encontrares o teu caminho para casa, sem caminhos de choro a apagarem o rasto que te deixo.

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