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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

tudo o que sei é que ela está ali

Ouve-se o telemóvel a tocar uma espécie de música de elevador já faz um quarto de hora, ela mantém-se imóvel, agachada no canto da sala com a cabeça entre as pernas sem dizer uma única palavra, sem fazer um único som. Há uma infinidade de motivos para tal cenário ser possível.
Poderia ter sido rejeitada pelo namorado novo que conheceu há uma semana e que lhe pagou o jantar para a levar para a cama, talvez nunca lhe tenha dado notícias e que só agora é que se lembrou de ir dormir com a vizinha do lado na altura em que ela chegou a casa e os apanhou à porta com a mão dele debaixo da saia sem se sequer se importar que a pobre rapariga era dona da porta a seguir à mesma.
Poderia ter ido sair com as amigas e ter abusados nos shots de tequila, poderia ter dançado a noite inteira sem pensar nos problemas e na possível ressaca que teria na manhã seguinte... pelo menos teria voltado aos tempos em que as dores de cabeça não eram provocados por pessoas ou trabalho mas sim por copos a mais e horas de sono a menos.
Poderia ter atingido um estado de loucura extrema, sem reação. Poderia estar ali apenas à espera de morrer ou de que aparecessem para a levarem para um hospício porque a vida já não era tão colorida como os campos de flores em que ela brincava na casa de campo que os pais alugavam quando iam de féria.
Poderia ter cometido um crime, matado alguém roubado uma loja, atropelado uma pobre idosa. Mas ela apenas está ali, contida em si. É tudo o que sabemos.

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