Gosto, mas nem tanto - Esquina do Café

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terça-feira, 3 de maio de 2016

Gosto, mas nem tanto

Gosto do som do teclado proporcionado pelos meus dedos pesados. Agora lembrei-me que estes dedos já foram pesados em todo o teu corpo e que agora já só são pesados para si mesmos. 
Gosto do cheiro do café, intoxica-me. Não é diferente de ti. Ambos deixam-me acordada o máximo que conseguem e o habitual é saborear até ao fim, como se fosse o último. Há apenas uma diferença: a minha chávena de café pode sempre ser reposta por outra e tu já não me fazes companhia há algum tempo.
Gosto de como as minhas mãos ficam marcadas com a tinta da caneta cada vez que me entretenho a escrever alguma coisa sem jeito nenhum, odiava como ficava marcada por tudo o que escrevias em voz alta dedicado a mim. 
Gosto da natureza e da paz que encontro na sombra num dia de sol sem misericórdia, lembro-me de todas as vezes em que nos deitámos sobre a frescura de um carvalho com os teus dedos perdidos no meu cabelo e eu totalmente perdida em ti. 
Gosto da forma em como me assentam os vestidos de verão e de como me sinto bonita a olhar-me no espelho do quarto que nunca considerei meu e por momentos esqueço-me da forma como roubavas esse vestido à minha pele em cada parcela de tempo em que nos dedicávamos somente a nós, ou seja, eu dedicava-me exclusivamente e com toda a dedicação a ti e tu deixavas-te ir com o eco mental do nome que nunca puseste totalmente de parte.
Gosto da maneira como torno todos os teus defeitos em arte mas nunca te perdoarei. 

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