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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Confesso todos os meus pecados

Confesso que já me encontrei em becos sem saída a adotar personalidades alheias até ao ponto de não saber quem sou. Com o tempo perdi-me. Já não me consigo imaginar um pouco mais velha do que sou com alguns objetivos cumpridos e outros novos traçados, não me imagino em situação nenhuma. Confesso que já estive em esquinas desagradáveis por vontade própria, encontrava amor no fundo das garrafas. Nunca consegui beber o suficiente para amar de verdade mas encontrava sempre algum tipo de alegria que me animava os dias.
Confesso que já fiz com que se sentissem predadores fingindo-me uma mera presa inofensiva enquanto eu apenas procurava o mesmo prazer que os meus futuros-ex-companheiros ambicionavam quando saiam à noite. Confesso que já me quis afogar em drogas e que já me quis afogar neles, confesso também que já me quis afogar em ambos.
Confesso que me sinto dormente desde que a infância acabou e tento fazer de tudo para que sinta algo mas a dormência traz-me dor e tu ajudas. Confesso que a tua presença incomoda-me e faz-me acender um cigarro. Confesso ainda que a tua ausência me destrói e me faz esvaziar uns maços. Confesso que me incomodava o facto de só me amares às três da manhã longe do mundo, num espaço só nosso. Confesso que era nesse espaço que me entregava sem problemas ao teu amor passageiro. Já não me sei apaixonar, confesso em segredo. Não me recordo o que se sente quando se conhece alguém que nos cativa, que quase nos prende numa bolha. Já não sei o que é sentir o mundo aos meus pés.
As portas trancaram-se e eu confesso-me às paredes porque elas não julgam.

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