Tudo se baseia em deixar entrar novas caras e deixar sair velhos conhecidos duma vida que já não pertence a ninguém. Tudo se baseia numa felicidade ilusória, numa gargalhada forçada perante as rasteiras que o destino prega para sua própria diversão.
Tudo se baseia em escrever um novo capítulo em páginas emprestadas com uma caneta que nunca teve dono, escrever os mais íntimos versos nos locais mais públicos para que o mais distraído indivíduo fique marcado para uma eternidade.
Tudo se baseia num vai e vem sem companhia, nem compromisso e muito menos um destino, acabando por ser um rumo de voltas incertas com uma ou outra descoberta numa paragem minimamente significativa.
Tudo se baseia numa decisão que foi tomada sem mentalidade alguma numa época em que se sentia com o corpo e nunca com a cabeça ("que belos tempos", dizem eles).
Tudo se baseia na cama que se faz e na maneira em como se deita acompanhado de ritmos frenéticos, movimentos curiosos, prazeres desconhecidos e outros olhares curiosos, visto que explorar sempre foi mais engraçado de olhos fechados, com as luzes apagadas e coração vendado.
Porquê isto tudo?! Porque até numa cama mal feita somos baseados na pessoa que adormece na almofada vizinha e, no fim das contas, a solidão torna-se sempre mais agradável quando é partilhada por dois.
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