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domingo, 6 de dezembro de 2015

Identifico-me com livros

Sou um livro aberto, mas nunca soube ser uma leitura fácil. Escondo os mistérios que me envolvem com pausas longas de silêncios constrangidos e os segredos alheios recolhidos ao longo dos anos mantêm-se por detrás destes olhos tão tristes quanto eu.
No dia em que parar de fugir e deixar que me apanhem, fecho me em copas. Acabo sempre por revelar às estrelas alguns sonhos e metas mas nunca são mais que desabafos para evitar uma explosão nervosa nesta idade tão dócil. A lua lembra-me, por vezes (acho que em momentos psicóticos), um sorriso inocente e desajeitado na ilusão do que se julga ser amor à primeira vista, enquanto bebericam o café e se focam um no outro.
Começo a achar que me escreveram ao contrário devido a estes vícios que me colam ao chão logo ao acordar ou então que me escreveram num poema trágico, talvez um pouco sadomasoquista com o intuito de que sentisse alguma espécie de prazer ao arrastarem-me pelas dores do costume.
Gostava de me ter escrito logo ao início, o fado em mim seria cantado num tom diferente, talvez tivesse aparecido em todos os retratos de família que me negaram, talvez não teria estes tremores nas mãos em tempos de ansiedade por falta da nicotina matinal nem esta mania de voltar a recolher conversas sempre que me falam duma ou outra pessoa.
Sou um livro aberto bem fechado. 


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