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domingo, 15 de novembro de 2015

Pobre existência

Passas o dia a fingir uma existência significativa como se os teus pais te adorassem e tu adorasses todos os teus colegas de trabalho.
Acordas e de imediato enxaguas a cara, um gesto automático que tens desde que foste educado para o ter, e a pergunta, "que máscara vou assumir hoje?" invade o teu pensamento madrugador. Sentes que as opções esgotaram antes de teres qualquer tipo de oportunidade, portanto tentas fingir suficientemente bem uma felicidade carregada de falsidade como se esta se fosse tornar real, havendo a possibilidade de te tirar o enorme peso dos ombros que carregas diariamente.
Como mais uma marioneta da sociedade, vagueias pela cidade, suspenso por todo o dinheiro que não tens, a desejar a próxima refeição quente que certamente é incerta.
Ao fim do dia, só queres alguém que te desonre no quarto e que te acompanhe enquanto te enterras em vícios para esquecer a vontade de desistir duma vida que te foi entregue pelos padrões injustamente definidos pelo teu país.
As ruas já se tornaram mais a tua casa do que o apartamento que partilhas para atenuar a renda que mal consegues pagar, o vento já é mais quente que as noites em que dormes no chão coberto dos lençóis que a tua mãe te fez e de todos os sonhos de crianças que não conseguiste realizar.

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