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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Deixo e não deixo

Deixo que reconheças o local onde durmo melhor que as ruas que frequentas durante as tuas teimosas insónias, ruas aquelas onde já desejaste ser vida e não viver, ser apenas uma frase escrita numa parede vandalizada que toque alguém de passagem.
Deixo que escrevas os mais diversos versos na minha tela em branco, que pintes esta defunta alma com vida e encanto, que preenchas espaços vazios, tempos livres, horas vagas junto a mim, junto à imortalidade de instantes partilhados.
Deixo que me arrastes pela monotonia do que é ser humano, que me conduzas, a uma velocidade tremenda e quase impraticável, numa estrada repleta de anseios e desejos mesmo eu a conhecendo como os traços corridos na palma da minha mão inexperiente.
Deixo que tenhas o deleite de me massajar o intelecto com o teu conhecimento brutesco sobre as mais diversas temáticas, que me despertes e aqueças o íntimo com tua voz, com todas as palavras que proferes com essa sabedoria de quem sabe tudo e de quem não sabe nada.
Deixo que te entregues dentro de quatro paredes que nos escondem do feio que o mundo se está a tornar, que te escondas no meu leito por algumas madrugadas.
Deixo que me uses e abuses, que me vistas e dispas e que aprecies a mocidade da paisagem as vezes que quiseres mas não deixo que descubras quem eu sou.
Apenas não deixo que digas que me conheces, certamente não é ao conheceres o meu corpo que conheces a pessoa que se esconde entre os lençóis e entregas antecipadas.

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